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Toxicologia Ocupacional: o que é, qual sua importância e como está presente nas empresas?

Hoje, iremos abordar um tema bem interessante e pouco divulgado: a Toxicologia Ocupacional. Mas primeiro vamos relembrar o que é a toxicologia.

Toxicologia é uma ciência que tem visa compreender a interação e a relação dos agentes químicos com o organismo sob condições específicas de exposição e também serve para avaliar, acompanhar e monitorar os efeitos tóxicos que essa interação pode provocar nos organismos. 

A Toxicologia Ocupacional, por sua vez, tem o mesmo objetivo da toxicologia. Porém, os objetos de estudo são os compostos químicos utilizados no local de trabalho. Além disso, ajuda a prevenir o possível surgimento de efeitos adversos à saúde dos trabalhadores, devido à exposição aos compostos químicos, físicos e biológicos no local de trabalho. 

Por meio do conhecimento da toxicologia desses compostos, é possível:

  • Mapear quais os possíveis efeitos tóxicos que esses compostos podem provocar aos trabalhadores a curto e a longo prazo de exposição;
  • Avaliar o cenário da exposição desses trabalhadores;
  • Conhecer as interações entre os diversos agentes que são utilizados no local de trabalho;
  • Conhecer o ambiente de trabalho e propor uma série de medidas de proteção, com o objetivo de prevenir que os trabalhadores adoeçam e tenham acidentes, garantindo uma vida laboral segura e saudável.

Histórico da Toxicologia Ocupacional

Existem relatos de acidentes de trabalho deste de a Antiguidade em diversos documentos antigos. Tais descrições citam o desenvolvimento de doenças ocasionadas pelas condições de trabalho. 

Temos Hipócrates – “pai da Medicina” a mais de 2 mil anos -, responsável pela descrição dos efeitos tóxicos do chumbo em trabalhadores da mineração. Tais relatos do sofrimento do trabalho dos mineiros são conhecidos desde o Império Romano. 

Leia também: Insalubridade e Periculosidade no âmbito da segurança do trabalho

Em 1700, o médico Bernardino Ramazzini publicou seu famoso livro De Morbis Artificum Diatriba, no qual descreve minuciosamente doenças relacionadas ao trabalho encontradas em mais de 50 atividades profissionais existentes na época. 

Veja um breve cronograma histórico:

2360 a.C. – “Papiro Seller II” descreveu algumas anormalidades físicas ou psíquicas entre trabalhadores;

1556 – “Asma dos mineiros” (silicose) descrita por George Bauer – livro “De Re Metallica”;

1567 – Primeira monografia sobre as relações entre trabalho e doença (Aureolus Theophrastus Bembastus von Hohenheim, Paracelso, “Dos ofícios e doenças da montanha”);

1775 – Descrição da ocorrência de câncer de escroto entre limpadores de chaminés (Percivall Pott, associação com exposição à fuligem);

1802 – Aprovação da primeira lei de proteção aos trabalhadores (“Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes”, Inglaterra);

1830 – Surgimento do primeiro serviço médico industrial no mundo;

1833 – Lei das Fábricas (“Factory Act”, Inglaterra); Lei Operária (Alemanha);

1842 – Realização de exames admissional e periódico, orientação e prevenção das doenças ocupacionais e não ocupacionais (Escócia);

1900 – Criação da Associação Internacional para a Proteção Legal dos Trabalhadores (precursora da Organização Internacional do Trabalho, Bruxelas);

1919 – Criação da Organização Internacional do Trabalho pelo Tratado de Versalhes (França);

1975 – Conferência Internacional sobre Saúde Ocupacional (adoção da Cláusula de Delaney, Genebra).

Como o conhecimento da Toxicologia Ocupacional é utilizado?

A avaliação de toxicologia ocupacional compreende a análise de dados toxicológicos de uma substância ou um composto químico com o objetivo de classificá-lo toxicologicamente. Ao mesmo tempo, é possível fornecer informação a respeito da forma correta de seu emprego, bem como medidas preventivas e curativas quando do uso inadequado. 

Para a avaliação dos perigos, é necessário a realização de pesquisas epidemiológicas, estudos em animais, estudos in vitro e in silico. Após esse processo, conseguimos:

  • Estabelecer a estimativa da exposição no local de trabalho;
  • Determinar os perigos dos agentes químicos, por meio da avaliação da toxicidade;
  • Monitorar os níveis ambientais (monitoração ambiental) e biológicos (monitoração biológica) de substâncias que os trabalhadores estão expostos;
  • Estabelecer os níveis de exposição humana aceitáveis para substâncias em uso nos locais de trabalho (como por exemplo os limites estabelecidos pela ACGIH – Conferência Americana de Higienistas Industriais Governamentais, NR-15, outros);
  • Definir a melhor matriz biológica (sangue, urina, ar exalado) a ser analisada e métodos para análise da substância ou seu(s) metabólito(s);
  • Determinar biomarcadores de exposição e efeito (Indicador BEI da ACGIH, indicadores da NR-7, outros).

Saiba mais: Como o uso de produtos químicos impacta as questões de segurança e saúde ocupacional

Como a Toxicologia Ocupacional está presente nas empresas?

Como já dito, com a avaliação de perigo dos agentes químicos, é possível saber quais agentes existentes na sua empresa podem provocar efeitos nocivos e tóxicos aos trabalhadores, seja a curto ou a longo prazo.

Na Toxicologia Ocupacional, os efeitos agudos e crônicos provocados pela exposição aos produtos químicos no local de trabalho são considerados um fator importantíssimo para que sejam estabelecidos os limites de exposição ocupacional (LEOs). 

O estabelecimento desses indicadores considera uma série de estudos e avaliações, variando de acordo com cada país e com a agência reguladora. Observa-se que, com a evolução das pesquisas e dados de toxicidade, os limites sejam cada vez menores, visando proteger a saúde dos trabalhadores.

No Brasil, temos as Normas Regulamentadoras e a NR-15, que estabelecem os denominados Limites de Tolerância (LTs), sendo definidos como:

“A concentração ou a intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará danos à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral.”

Após essa avaliação, são elaboradas as FISPQs e rótulos dos produtos químicos. Esses documentos tèm como objetivo comunicar os perigos dos produtos químicos. 

Então, a equipe de segurança do trabalho em conjunto com a equipe de higiene ocupacional tem, com base nas informações da Toxicologia Ocupacional, subsídios para avaliar o risco das atividades de trabalho desenvolvida com os agentes químicos.

Nesse contexto, devem ser estabelecidos o limite da exposição dos trabalhadores em cada atividade e serem propostas as medidas necessárias para a mitigação dos riscos. Da mesma forma, é essencial avaliar e monitorar as exposições, por meio dos índices estabelecidos, como os Limites de Tolerância, Limites de Exposição, outros. 

Leitura recomendada: Gerenciamento de Riscos Ocupacionais: como funciona e quais as mudanças?

Exemplos de possíveis doenças ocupacionais provocadas por agentes químicos

Neste contexto, após conhecer os riscos químicos, é importante entender as principais doenças e compostos que podem atingir os trabalhadores caso as medidas necessárias não sejam implementadas.

  • Desenvolvimento de silicose – doença ocupacional desenvolvida por causa da exposição à sílica cristalina.
  • Desenvolvimento de pneumoconiose – doença ocupacional desenvolvida devido a inalação de poeiras inorgânicas, associada ao trabalho em metalúrgicas, construtoras, mecânicas ou minas.
  • Asbestose – doença ocupacional desenvolvida devido à inalação de poeira de asbesto (amianto).
  • Beriliose – doença ocupacional desenvolvida devido à inalação de poeira do berílio.
  • Antracnose (pulmão negro) – doença ocupacional desenvolvida devido a inalação de poeira de carvão, comum em mineradores.
  • Benzeno – desenvolvimento de leucemia mieloblástica.
  • Formaldeído – desenvolvido de câncer nasofaríngeo.
  • Inalação de alguns tipos de gases e vapores irritantes, como por exemplo: dióxido de enxofre, cloro, amônia, fosgênio, outros, podem provocar algumas doenças, tais como rinite, bronquite, alveolite, enfisema, asma, alveolite, outras. 
  • Alguns gases podem provocar asfixia química, como gás cianídrico, monóxido de carbono, anilina, nitrobenzeno e outros.
  • Doenças de pele provocadas pela exposição a agentes químicos, como por exemplo: arsênio – provoca queratose; dermatites provocadas por alcatrão de hulha, cromo, mercúrio; dermatites provocadas pela exposição a cimento, colas, couro, outros; desenvolvimento de cloracne – devido à exposição aos fenóis clorados, bifenilas policloradas, outros. 
  • Desenvolvimento de desordens pigmentares, como hiperpigmentação (escurecimento da pele) ou alteração da cor da pele, devido à exposição a metais pesados, como mercúrio, arsênio, ou a compostos nitrogenados, como ácido nítrico, trinitrotolueno e outros. 
  • Queimaduras químicas, provocadas por compostos químicos corrosivos, tais como ácido clorídrico, ácido fluorídrico, queimaduras provocadas por agentes oxidantes, como peróxido de hidrogênio. 
  • Exposição aguda aos solventes, como depressão do sistema nervoso central (narcose, confusão, inconsciência), asfixia, efeito irritante local na pele e mucosas.
  • Exposição crônica aos solventes, como por exemplo: toxicidade hematopoiética do benzeno; neurotoxicidade do n-hexano; neurotoxicidade do bissulfeto de carbono; toxicidade ocular do metanol e diversos outros.
  • Efeitos tóxicos da exposição aos metais pesados. Cromo provoca dermatite de contato e queimaduras e também pode causar câncer pulmonar, ulceração e perfuração do septo nasal, problemas hepáticos, renais, dentre outros. A exposição ao chumbo pode provocar disfunções no sistema nervoso central, anemia, insuficiência renal, distúrbios neurológicos e outros. A exposição ao cádmio pode provocar pneumonite, edema pulmonar agudamente, e os efeitos crônicos: doença pulmonar crônica obstrutiva e enfisema, distúrbios renais, anemia, câncer, outros. 

Agências relevantes para as questões de Saúde e Segurança Ocupacional

Também vale destacar quais são os órgãos responsáveis por auxiliar nas questões e regulamentações de saúde e segurança ocupacional, como:

  • OIT – Organização Internacional do Trabalho
  • OMS – Organização Mundial da Saúde
  • IARC – Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer
  • ACGIH – Conferência Americana de Higienistas Industriais Governamentais
  • OSHA – Administração de Segurança e Saúde Ocupacional
  • OPAS – Organização Pan-americana de Saúde
  • NIOSH – Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional)
  • Ministério da Economia e Normas Regulamentadoras (NRs) – Brasil
  • Entre Outras.

Leia também: Riscos químicos no trabalho: como funciona a avaliação qualitativa

Qual a importância de uma consultoria em toxicologia ocupacional?

Neste cenário, observa-se como é fundamental a Toxicologia Ocupacional para a manutenção e monitoramento da saúde dos trabalhadores e garantia de um ambiente de trabalho saudável, por meio da avaliação, controle e prevenção.

Com tantas regulamentações e medidas necessárias a serem adotadas, uma consultoria especializada em toxicologia ocupacional, visando a saúde e segurança ocupacional, pode auxiliar a sua empresa.

A Chemical Risk conta com profissionais experientes, com conhecimento de mercado, das principais regras e da realidade dos mais diversos segmentos. 

Atuamos com empresas de todos os portes e setores ajudando em todo o processo de toxicologia ocupacional, desde a avaliação da situação atual da companhia até a elaboração de um novo plano completo para mitigar todos os riscos envolvidos na exposição dos trabalhadores.

Confira os nossos principais serviços de saúde e segurança ocupacional:

  • Análise crítica de PPRA;
  • Análise crítica de PCMSO;
  • Implementação da NR-20;
  • Parecer de Insalubridade;
  • Parecer de Periculosidade;
  • Entre outros.

Também fazemos a elaboração de documentos de segurança química e garantimos o chemical compliance da sua organização. Quer saber mais? Faça um orçamento gratuito agora mesmo!

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