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Agentes neurotóxicos: toxicologia e tratamentos 

Os agentes neurotóxicos ou tóxicos dos nervos são atualmente a classe mais tóxica dos agentes químicos de guerra. Descoberta acidentalmente no século XX, esta classe de agentes logo despertou o interesse por parte dos militares alemães, devido ao seu grande poder letal.

Presente em quase todas as gerações de agentes químicos, esta classe desperta interesse não só nas Forças Militares mundiais. Mas também, infelizmente, em grupos terroristas. Isso porque o custo para a produção desta classe é relativamente baixo se comparado ao custo do método convencional de guerra, baseado na utilização de explosivos.

Existe uma estimativa de que o ataque realizado com armas convencionais gera um custo aproximado de US$ 2.000,00 por km². Já, em um ataque com arma química da classe de agentes neurotóxicos, este custo cairia para US$ 600,00 por km². 

Leia também: Toxicologia dos gases irritantes: riscos de exposição e efeitos prejudiciais à saúde

Como funciona a divisão dos agentes neurotóxicos?

Esta classe de agentes químicos é dividida basicamente em três séries: 

  • Agentes da série G (Tabun – GA, Sarin – GB, Soman – GD, etilSarin – GE e cicloSarin – GF);
  • Série V (VX e R-33);
  • Série A (Novichok).

Os agentes da série G receberam esta letra como código, pois o G provém de Germany (Alemanha), uma vez que este país desenvolveu tais agentes.

A segunda letra após o G diz respeito à sequência na qual estes compostos surgiram. No entanto, a nomenclatura GC não foi estabelecida, pois poderia se confundir com CG, referente ao fosgênio. 

Já os neurotóxicos da série V, provém da expressão venomous (venenoso), pois pelo fato desta série de agente penetrar de uma forma rápida na pele, lembrava o veneno de cobra. 

Ouça o podcast: Toxicologia das Armas Químicas – Agentes Neurotóxicos

Impacto dos agentes neurotóxicos

Considerado por todos os países a principal preocupação quando o assunto é guerra química, os agentes neurotóxicos já causaram milhares de vítimas em todo o mundo. 

Em 1967, por exemplo, durante a guerra do Iêmen, o Egito foi acusado pela Arábia Saudita de ter utilizado agentes químicos da classe dos neurotóxicos. Já, na década de 80, durante a Guerra Irã-Iraque, o Iraque utilizou os agentes químicos neurotóxicos Tabun e Sarin. 

No mencionado conflito, durante uma investida contra a população civil curda da cidade de Halabja, o Iraque utilizou o agente químico neurotóxico Sarin. Assim, ocasionou o maior número de baixas registrado até hoje em um único ataque, cerca de 5.000 vítimas.

Mecanismo de ação dos agentes neurotóxicos

Os agentes neurotóxicos, tanto da série G como os da série V, são agentes chamados anticolinesterásicos. Tais compostos induzem ao acúmulo do neurotransmissor acetilcolina (ACh), tanto nas sinapses neurais como nas junções neuromusculares pela fosforilação da serina localizada no sítio ativo da enzima acetilcolinesterase (AchE).

A depender da via de exposição e a quantidade absorvida dos agentes neurotóxicos, tanto o Sistema Nervoso Periférico (SNP) como o Sistema Nervoso Central (SNC), através dos receptores muscarínicos e/ou nicotínicos, são afetados. Pode ocorrer também a interação com outras esterases e é possível a ocorrência de efeitos direitos para o SNC. 

A exposição aguda aos neurotóxicos pode resultar em:

  • Secreção brônquica excessiva;
  • Secreção excessiva salivar, ocular e intestinal;
  • Fasciculações e espasmos musculares;
  • Hipermotilidade intestinal;
  • Bradicardia;
  • Sudorese;
  • Miose (contração das pupilas do olho, com subsequente diminuição da área da pupila);
  • Broncoespasmo;
  • Bradicardia;
  • Fraqueza muscular;
  • Paralisia;
  • Perda de consciência;
  • Convulsões;
  • Depressão do centro respiratório e morte. 

Os efeitos mínimos observados a baixas concentrações de vapor incluem: miose, aperto no peito, rinorréia e dispneia. A contração pupilar, resulta em vários graus de miose (medidas do diâmetro da pupila) e é consequência da inibição local da atividade da AchE ocular com a contração do esfíncter pupilar. 

Leitura recomendada: Atendimento à emergência química e sua importância na gestão do risco químico

Qual a toxicidade dos agentes neurotóxicos?

Os efeitos anticolinesterásicos da exposição aos agentes neurotóxicos podem ser caracterizados como: muscarínico, nicotínico ou ao SNC.

Os efeitos muscarínicos ocorrem no músculo liso que envolve as vias aéreas do pulmão e o trato gastrointestinal; o músculo ciliar do olho (responsável por controlar o tamanho da íris); e as glândulas salivares e sudoríparas. 

A depender da quantidade absorvida, podem aparecer os seguintes sintomas: 

  • Congestão conjuntival, miose, espasmo ciliar;
  • Aumento da secreção brônquica, broncoconstrição;
  • Anorexia, êmese, cólicas abdominais;
  • Sudorese, diarreia, salivação;
  • Bradicardia e hipotensão.

Os efeitos nicotínicos são aqueles que ocorrem nos sistemas somático (esquelético / motor) e simpático, e podem ser expressos como fasciculações musculares e paralisia.

Os efeitos ao SNC podem manifestar-se como confusão, perda de reflexo, ansiedade, fala arrastada, irritabilidade, esquecimento, depressão, julgamento prejudicado, fadiga, insônia, depressão do controle respiratório central e morte.

Quando os efeitos observados em baixas concentrações em seres humanos são mínimos, é possível ocorrer miose, sensação de “aperto” no peito, rinorréia e dispneia.

Resumo dos principais efeitos dos agentes neurotóxicos em humanos.

Órgãos e sistemas Efeitos
Olhos Miose (unilateral ou bilateral); hiperemia da conjuntiva; dor ou ardor, visão escura ou turva
Nariz  Rinorréia 
Boca  Salivação excessiva
Trato pulmonar  Broncoconstrição e secreção, tosse, queixas de aperto no peito, falta de ar, sibilo, estertores
Trato gastrointestinal  Náusea, vômito, diarreia, aumento de secreção e motilidade, câimbras abdominais e dor
Pele e glândulas sudoríparas Sudorese
Muscular  Fasciculações locais ou generalizadas; espasmos musculares; fraqueza muscular
Cardiovascular  Diminuição ou aumento da frequência cardíaca, normalmente aumento da pressão arterial
Sistema Nervoso Central Efeitos agudos em exposição severa: perda de consciência, convulsão, depressão do centro respiratório.

Efeitos agudos em exposição leve a moderadas ou efeitos prolongados em qualquer exposição: esquecimento, irritabilidade, dificuldade de raciocínio, tensão ou mal-estar, depressão, insônia, dificuldade de expressão, compreensão diminuída. 

Saiba mais: Percepção do risco químico e os acidentes químicos e nucleares

Como tratar a exposição aos agentes?

Apesar de já haver um pós-tratamento específico para a contaminação com agentes neurotóxicos (atropina, oxima e diazepam), o desenvolvimento de pré-tratamentos é de suma importância.

Afinal, dependendo da concentração e de qual agente neurotóxico ocasionou a contaminação, o socorro médico deve ser realizado dentro de poucos minutos. Se não, o indivíduo contaminado corre o risco de vir a óbito.

Neste cenário, os pré-tratamentos são fundamentais. Atualmente, existe o pré-tratamento com brometo de piridostigmina e a pesquisa para a criação de um novo tipo de pré-tratamento com butirilcolinesterase (bioscavengers – “biolimpadores”).

Quais cuidados ter com agentes neurotóxicos?

Muitos dos produtos químicos têm potencial uso industrial. Por isso, se a sua empresa tem agentes químicos neurotóxicos ou substâncias que podem ser usadas para tal, é importante contar com uma consultoria especializada na gestão desses produtos. 

A Chemical Risk oferece assessoria completa para empresas que possuem substâncias químicas perigosas e que podem ser empregadas como armas químicas.

Com profissionais especializados e altamente capacitados, realizamos palestras, cursos e treinamentos sobre armas químicas em instituições públicas ou privadas.

Também temos assessoria para defesa química e para importação, exportação e uso industrial de agentes precursores de armas químicas.

Quer saber mais detalhes? Entre em contato conosco agora mesmo!

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